terça-feira, 30 de agosto de 2011


Banho no mar Morto ajuda a reduzir açúcar no sangue

Resultados positivos podem melhorar as condições médicas dos diabéticos
EFE
mar morto 450x338Getty Images
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Uma rápida imersão no mar Morto ajuda a reduzir os níveis de açúcar no sangue e poderia melhorar as condições médicas dos diabéticos, revela estudo preliminar de uma equipe de pesquisadores israelenses.

A pesquisa, desenvolvida por uma equipe da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Ben Gurion, em coordenação com o Centro Médico Soroka de Beer Sheva fornece novos dados sobre os benefícios das águas extremamente salgadas do mar Morto, cujas propriedades são conhecidas para o tratamento de doenças como a psoríase.
As novidades do estudo constam na edição desta terça-feira (30) do jornal Ha'aretz.

O estudo teve a participação de 14 indivíduos com idades entre 18 e 65 anos e portadores de diabetes do tipo 2.

Todos foram colocados dentro de uma piscina de água do mar Morto a uma temperatura de 35ºC, e após 20 minutos de uma única imersão, registraram redução significativa de 13,5% dos níveis de glicose no sangue: de uma média de 163 miligramas por decilitro (mg/dl) para 151 mg/dl imediatamente após ao banho.

Uma hora depois de permanecer mergulhado na piscina, os níveis de açúcar se reduziram ainda mais, até alcançar 141,4 mg/dl.

Pelo contrário, um teste de controle na qual os participantes do estudo permaneceram 20 minutos submersos em água normal não causou nenhuma alteração nos níveis de glicose, mas mudanças nos níveis obtidos imediatamente após permanecer uma hora em água.

Outro grupo de controle com seis pessoas saudáveis não produziu nenhuma diferença significativa entre os níveis contabilizados antes e depois da imersão em uma piscina de água do mar Morto e em água doce.

Os pesquisadores também comprovaram que a curta imersão em água do Mar Morto não afetou outros valores do sangue dos indivíduos analisados, incluídos os níveis de insulina e hormônios de cortisona, assim como de peptídeo C, uma substância que em quantidade igual à insulina é liberada pelo pâncreas na corrente sanguínea.

Os resultados da pesquisa serão publicados na edição deste mês da revista da Associação Médica de Israel Ha'Refua.
O chefe da equipe, professor Shaul Sukenik, da Universidade Ben Gurion, diz que os resultados não são conclusivos.

- Esses são resultados de um estudo inicial ainda difícil de tirar conclusões neste ponto.

Mesmo assim, o pesquisador classificou os resultados de "promissórios".
O próximo passo é estudar o que ocorre com os níveis de glicose quando os indivíduos tomam banhos de mais de uma hora.

- Em caso de os indícios se comprovarem em estudos posteriores, a redução da glicose no sangue permitirá aos diabéticos que banharem-se no mar Morto reduzir sua medicação.

Vendas brasileiras evitam naufrágio no mercado de iates de luxo

 30/08/2011 13:52

Enquanto faturamentos amargam baixas na Europa e nos EUA, fabricantes estrangeiros invadem o país em busca dos novos super-ricos

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Texto:
Marcio Christiansen anda contando histórias sobre o crescente número de brasileiros ricos que visitam o luxuoso showroom dos iates Ferretti, no qual clientes beberiam café em enormes sofás de pele e o ambiente é preenchido com música eletrônica.
Um homem pagou US$ 2 milhões (R$ 3,2 mi) por um barco, conta Christiansen, após sucumbir a meia hora de insistência dos filhos, que gritavam “compra, papai!” Outro passeou ao redor de um reluzente iate de 53 pés no showroom, depois pediu para discutirem os detalhes em um almoço.
“O garçom chegou para anotar nosso pedido e o cliente pegou emprestado seu bloquinho de papel”, conta Christiansen, CEO do grupo Ferretti no Brasil. “Ele começou a bolar um contrato ali mesmo e nós chegamos a um acordo antes de pedir um sanduíche”.
Foto: AP Photo/Andre Penner
Fábrica da Ferretti, em Vargem Grande Paulista, a 40km de São Paulo: "Nunca imaginei que chegaríamos a esse nível", diz CEO
O Brasil sempre teve um seleto grupo de super-ricos com gosto extravagante. Mas a alta no preço das commodities atiçada pela demanda chinesa, junto com a descoberta das novas reservas de petróleo, criou uma nova classe de brasileiros com dinheiro. Em troca, eles fazem enriquecer o mercado internacional de iates, que patina nos EUA e na Europa.
A previsão é de que o número de chefes de família milionários no maior país da América do Sul triplique até 2020. Seus gastos, junto com o da nova classe média emergente, ajudam a proteger o Brasil das turbulências internacionais que tiveram início em 2008.
A exportação de bens como açúcar, ouro, café e borracha tem visto altos e baixos no Brasil desde o século 16. As antigas ondas de exportação, como a do ouro, haviam criado um pequeno estrato de ricos e uma enorme desigualdade no país. Desde a metade dos anos 1990, porém, as reformas econômicas e o fortalecimento do regime democrático têm aos poucos espalhado a riqueza, e os agressivos programas sociais do governo iniciados em 2003 tiraram 20 milhões da miséria.
Um relatório de maio sobre a geografia dos ricos, feito pela firma americana Deloitte, prevê que os EUA e a Europa continuarão sendo o centro dos chefes de família milionários na próxima década. Contudo, as economias emergentes “provavelmente se mostrarão mais dinâmicas em termos de taxa de crescimento, criando oportunidades significativas para administradores de riquezas que buscam ganhar uma fatia desse mercado potencialmente lucrativo”.
A explosão no mercado de iates no Brasil atesta que essas oportunidades são reais.
A venda anual de barcos no país cresce a taxas de 30% ao ano desde 2008, dependendo do segmento, dizem os líderes dessa indústria. Enquanto isso, nos mercados mais tradicionais de barcos, como EUA e Europa, a comercialização de barcos de luxo caíram 70%, mostram análises recentes.
Para a Ferretti, fabricante italiana de barcos e uma das líderes na produção de iates, as vendas brasileiras costumavam representar menos de 5% do faturamento global, diz Christiansen – que tem mais de três décadas de experiência na venda de barcos de luxo no Brasil. Neste ano, as vendas da Ferretti Brasil estão previstas para ficar em torno de US$ 290 milhões (R$ 464 mi), aproximadamente 40% do faturamento total da empresa.
Foto: AP Photo/Andre PennerAmpliar
Christiansen no showroom da Ferretti: Brasil deve representar 40% do faturamento global da fabricante
Para atender à nova demanda, Christiansen abriu um enorme estaleiro, ao custo de US$ 310 milhões (R$ 496 mi), nas proximidades de São Paulo. O local deve produzir 120 iates por ano, quando atingir a capacidade total.
Nos últimos dois anos, mais de uma dúzia de fabricantes estrangeiros de barcos de luxo construíram estaleiros no país, ou firmaram parcerias com vendedores locais para colocar seus produtos no mercado brasileiro, ainda que as taxas de importação aumentem o valor do bem entre 70 e 100%.
“Nunca imaginei que chegaríamos a esse nível, nem que os mercados mais estabelecidos cairiam tanto”, diz Christiansen. “Fabricantes ingleses, franceses e americanos estão mirando o mercado brasileiro. Estou no ramo há mais de trinta anos e agora sou testemunha de uma invasão estrangeira. Eles descobriram o Brasil”, conta.
Assim como os novos ricos do país descobriram o luxo.
De acordo com um relatório divulgado no ano passado pela Association os Executive Search Consultants, os executivos de São Paulo ganham atualmente mais que seus correspondentes em Nova York, Londres, Hong Kong ou Cingapura, e o excedente de seus proventos inunda o mercado de consumo brasileiro.
Em resposta, a venda de produtos de luxo no Brasil atingiu a marca de US$ 8,9 bilhões no ano passado, uma alta de 28% em relação a 2009, segundo um estudo da GfK Custom Research Brasil e a MCF Consultoria, focada no mercado de luxo. Marcas como Chanel, Hermes, Jimmy Choo, Lamborghini e outras abriram lojas no país nos últimos dois anos.
Quando não estão gastando dinheiro em shoppings, os executivos brasileiros podem ser vistos cruzando os mares do litoral paulista, próximo ao centro financeiro do país, assim como a luxuriante e esverdeada costa carioca. Christiansen e outras fontes afirmam que as marinas que pontuam os 7.400 quilômetros de litoral do país estão com a capacidade cheia e que há poucas vagas para os novos iates. Sempre que uma vaga aparece, logo é ocupada por outro dono de barco interessado.

Os rankings de novos ricos e vendas de luxo também crescem em outros países emergentes, especialmente no chamado BRIC, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China.
“Nós sempre dissemos que o Brasil era o país do futuro, mas não sabíamos quando esse futuro chegaria”, diz Ernani Paciornik, um pioneiro da indústria naval brasileira que organiza feiras internacionais de barco em São Paulo, Rio de Janeiro e no Sul do país. “Acho que o futuro chegou.”
O número de chefes de família no Brasil, uma nação com 190 milhões de pessoas, terá crescido 230% e ultrapassará a marca de 1 milhão de pessoas em 2020, de acordo com a Deloitte. Na China, a alta será de 91%, chegando a 2,5 milhões; na Rússia, a previsão é de 221% de aumento, chegando a 1,2 milhões; na Índia, uma alta de 143% deve elevar o número para 694.600 chefes de família.
“Tem existido um foco particular nos mercados emergentes. BRIC, BRIC, BRIC, BRIC é o que todo mundo está dizendo”, afirma Ellie Brade, editor da revista Superyatch Intelligence, focada em barcos maiores que 100 pés, que mora na Nova Zelândia.
Giovanni Luigi, CEO da maior vendedora de iates brasileira, a YatchBrasil, reforça os números ao apontar que o país é todo cortado por rios e lagos, enquanto o mercado de barcos focado em águas doces é praticamente inexplorado. Ele projeta alta de 28% nas vendas desse ano, após registrar um faturamento de US$ 840 milhões (R$ 1,34 bi) nos últimos quatro anos.
Porém, Eduardo Colunna, presidente da Associação Brasileira dos Construtores de Barcos, que representa o mercado doméstico, não se mostra tão otimista. As companhias estrangeiras podem estar superestimando o mercado, diz ele, e a falta de marinas e serviços de assistência vão segurar as vendas.
Mas mesmo as projeções mais conservadoras de Colunna colocam o crescimento do mercado em 10% ao ano, o que o torna atrativo o suficiente para fabricantes estrangeiros que assistem aos tropeços dos mercados europeus e americanos.
Christiansen, por sua vez, acredita que a expansão não vai esfriar nos próximos anos, apesar das recentes projeções de desaceleração na economia. A conversa em seu showroom, numa tarde recente, girava em torno de vendas que dobraram nos últimos anos e da expectativa de mais crescimento.
“Eu costumava vender barcos para empresários muito ricos. Nunca para CEOs ou CFOs, só para donos de negócios”, diz. “Isso mudou, existe mais meritocracia no Brasil. Mas pessoas estão ganhando bônus baseados no sucesso no trabalho, e elas querem gastá-los.”

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