quarta-feira, 21 de setembro de 2011


Orgasmos simulados

Será possível diferenciar o orgasmo feminino verdadeiro do simulado?

Pergunto-me se é possível diferenciar o orgasmo feminino verdadeiro do simulado e poupar os homens da frase mais cabotina que a língua portuguesa jamais produziu – “Foi bom para você?”
Pessoalmente, acho que existem  maneiras, é claro, a maioria de natureza tácita, baseadas na intuição e na experiência de cada um e sujeitas a equívocos  que devem fazer as mulheres se torcerem de tanto rir. Respostas objetivas, fruto do conhecimento médico sobre a sexualidade feminina, são lamentavelmente insuficientes. Não há no currículo acadêmico a ênfase que seria esperada para um assunto de tamanha importância.
Os primeiros trabalhos um pouco mais aprofundados sobre o tema, os relatórios Kinsey, e o Hite, publicados entre 1948 e 1981 abriram algumas portas, mas não explicaram de forma consistente grande parte dos segredos que se escondem na extremidade do clitóris, onde cerca de oito mil terminações nervosas fazem um jogo difícil de dominar.
Freud, na sua época, perdeu-se em divagações clitoridianas e vaginistas que só trouxeram mais confusão sobre a natureza controversa do orgasmo feminino, enquanto livros acadêmicos reverenciados pela psiquiatria contemporânea abordam aspectos críticos da sexualidade humana de forma absolutamente insuficiente e superficial.
No entanto, o advento de novas tecnologias, como a ressonância magnética funcional e o “PET scan”, abriu oportunidades extraordinárias para analisar objetivamente as respostas cerebrais aos mais variados estímulos, inclusive os sexuais, instigando a comunidade científica a estudar o desempenho erótico das pessoas dentro dessas fantásticas máquinas de pega-mentira. Ali, a coisa é para valer, não dá para tapear mesmo. E as novidades começam a aparecer.
Pelo desenrolar da história é possível imaginar que em muito pouco tempo teremos equipamentos construídos especificamente para conferir orgasmos femininos de forma mais consistente, provavelmente embutidos no telefone celular, com direito a prêmios ou descontos progressivos dependendo da performance do usuário. Seria só uma questão de tempo…

Os verdadeiros valores femininos

“Quem gosta de homem é gay, mulher gosta mesmo é de dinheiro”. Será?


Não há nada mais inconsistente do ponto de vista filosófico do que a maioria dos ditados populares.  Como exemplo cito um que diz o seguinte: “quem gosta de homem é gay, mulher gosta mesmo é de dinheiro”. Meu Deus, tudo é possível, dinheiro é importante, mas não consigo acreditar que essa seja a prioridade número um na vida das mulheres.
Também não é sexo, para quem já antecipava a possibilidade de forma precipitada. O cérebro feminino tem menos conexões dedicadas ao impulso sexual do que o masculino, dominado por ilações desse tipo durante a maior parte do tempo em que está desperto (sem falar no que possa acontecer quando está adormecido).
Equipamentos de imagem comprovam que uma conversa banal entre um homem e uma mulher é capaz de estimular áreas sexuais do cérebro masculino de forma intensa, sem causar o menor efeito no cérebro feminino.
Obviamente, o cérebro feminino também é extremamente sensível a toda sorte de estímulos, mas com um viés bem diferente do cérebro masculino. Ele responde de forma instintiva a qualquer estímulo que traduza risco para sua família. Essa é a prioridade. O cérebro feminino foi estruturado para assegurar a sobrevivência da espécie a qualquer preço e toda a mulher que tem filhos irá concordar com isso sem muita dificuldade. Os demais estímulos, inclusive os sexuais, que levam os homens a cometer desatinos capazes de aniquilar rapidamente o que construíram ao longo de toda uma vida, devem estar para as mulheres em um segundo plano absolutamente desprezível em relação à segurança e ao bem-estar dos seus filhos.
Pode soar meio ridículo, mas em pleno século XXI as mulheres parecem continuar precisando de bons homens para serem estruturalmente felizes. Por esta razão, insisto em afirmar que o ditado popular acima mencionado é das coisas mais injustas de que já ouvi falar por aí. Não só deprecia a condição feminina, como interpreta de forma equivocada necessidades básicas na vida das mulheres: amor e proteção.

Sonhos eróticos

Sexo também é ternura, uma coisa para ser feita com cuidado e muita delicadeza

Cento e sessenta e nove dólares por uma calcinha da Victoria‘s Secret? Pelo amor de Deus, cuida um pouco do patrimônio!
Mas concordo contigo, valem a pena. São sensuais, ergonômicas e cheias de protetores que tornam o ato de experimentá-las uma operação absolutamente sem riscos do ponto de vista microbiológico.
Sei que a maioria das mulheres acha isso superimportante porque odeiam falta de higiene. Também concordo. Sexo tem esse problema de higiene, o que faz com que elas se esfolem com esponjas de banho a cada perspectiva de um novo encontro.
Para algumas mulheres, sexo é como ler Flaubert ao som de violinos. Precisa ser lindo e cheiroso, apesar da conhecida interferência dos perfumes na ação dos feromônios, esses cheiros afrodisíacos que os animais liberam quando ficam excitados. Mas quem vai acreditar nisso?
Sexo também é ternura, uma coisa para ser feita com cuidado e muita delicadeza. Muitas exigem banho, barba feita e penteado antes de qualquer aproximação. Talvez exista um pouco de exagero nisso, mas não custa estar bem preparado, porque sexo é assim mesmo.
Quanto à questão estética, sem comentários. Sexo é beleza pura e só combina com aquilo que esteja absolutamente integrado na tendência cirúrgica do dia, ainda que isso possa gerar desarmonia estética no longo prazo. Sexo é hoje e agora.
Sexo também exige aqueles cuidados especiais com a liturgia de encerramento. Depois de terminar, é sempre interessante levar um papo legal, pródigo em palavras doces e românticas. Para fechar com chave de ouro, o clássico cigarrinho viria bem, mas o fumo caiu em desgraça e saiu completamente de moda.
Tomadas pelo cansaço, a maioria das mulheres então rola para baixo das cobertas e cai num sono profundo, muitas vezes povoado de sonhos com aquele vagabundo que vende contrabando na frente do hotel, rústico e repelente, que nunca ouviu falar em Flaubert, que não toma banho, que não é terno nem educado, que causa repulsa e nojo, mas que, na leveza bela de sonho, acalma essa mulher carente com um sexo de rua, pervertido, selvagem, sem protocolos ou simulação.
Sem querer ser irônico, espero que durmas bem essa noite e que tenhas bons sonhos.

Vergonha de querer colo

Não te recrimines por seres tão vulnerável, por precisares tanto do colo de um homem.

E por favor, não te recrimines por esse desejo recorrente de ser novamente carregada no colo através de corredores escuros, aninhada como um pássaro das tempestades nas plumas de uma procelária. Não te recrimines pelos desejos de ser novamente capturada, subjugada, levada por uma mão masculina a varar furacões, mergulhar oceanos gelados. Não te recrimines por seres tão vulnerável, por precisares tanto do colo de um homem: tua fragilidade é evidente, afinal não és mais do que uma mulher carregada de hormônios sobre os quais não tens o menor controle.

O dilema das mulheres

Uma boa sucessão de aventuras não seria bem mais interessante?

Imagino-a abraçada no travesseiro, tentando adormecer, pensando no dilema. Ela ainda tem um ar de menina, mas é necessário que se apresse. Precisa encontrar logo um homem que a ame, um homem qualquer, não importa, pois, sem ele, não há como ingressar plenamente na comédia contemporânea. Então, tudo precisa ser planejado com muito cuidado, pois suas chances diminuem rapidamente, na proporção exata em que o tempo deforma seu corpo sem a menor piedade. Mas será isso o que ela realmente quer? Logo ela tão independente, moderna e poderosa? Uma boa sucessão de aventuras não seria bem mais interessante? Teoricamente sim. Ela sabe perfeitamente que sim. No entanto, seus instintos reclamam, gritam, enchem seus ouvidos ancestrais com mentiras deslavadas sobre o perfume das grinaldas. Ela sabe que são mentiras, bromas de quem quer uni-la a algum animal de longo prazo, a um homem que seja só seu, a uma mala que irá carregar pelo resto da vida. Mas finge acreditar. Afinal, esse é o grande troféu na zona de caça. Um bicho de longo prazo. O resto é libidinagem pura, coisa sem futuro. Mas ela não se desespera. Não há a menor razão para tanto. Ao seu redor existem bandos de mulheres na mesma situação. Ela percebe isso com enorme facilidade, sabe que não está sozinha. Então relaxa, abraça novamente o travesseiro e tenta adormecer, pensando no dilema…

Mulheres x Homens Casados…

Homens casados são, em tese, o que de melhor existe para divertir uma mulher sozinha.

Nenhuma mulher em sã consciência cogita em se envolver com homem casado pelas razões óbvias. No entanto, é possível que um bom número delas acabe caindo na rede quase sem perceber.
Homens casados são, em tese, o que de melhor existe para divertir uma mulher sozinha. São menos afobados, devidamente testados por esposas pródigas em informar as melhores amigas sobre suas qualificações e, sobretudo, menos complicados do que as demais espécies que circulam no mercado, como os viúvos, que carregam consigo o trauma da perda, os separados, que carregam a ex-mulher com seus apêndices de praxe, e os solteiros, que, depois de uma determinada faixa etária, ou são uns chatos intoleráveis ou gays prontos para sair do armário a qualquer momento.
O assédio inicial de um homem casado acontece de maneira insidiosa, protegido pelo impedimento virtual do estado civil e facilmente reversível quando não encontra terreno fértil para progredir. Homens casados são uma tentação e tanto para mulheres sozinhas. Depois de instalado o clima, não há regra previsível. Alguns cálices de champanhe, disponibilidade, logística variável e instintos relativamente menosprezados podem abrir portais que a maioria das mulheres nunca antes cogitara em cruzar.
Consumado o fato, vai-se a moral regida pela Bíblia e pelo Código Civil e entram em cena as razões éticas da grande floresta da vida. Uma mulher, nessas circunstâncias, adquire um profundo senso do animal que existe escondido dentro de si e muda para sempre, não sei se para melhor ou pior, só sei que muda.
Acho até legal uma mulher descobrir esse lado desconhecido de sua alma e dominá-lo com a naturalidade de uma amazona do século XXI, mas, para ser coerente com o que já disse anteriormente, não aconselho ninguem a se envolver com homem casado, mesmo sabendo que eles são a melhor opção para divertir qualquer mulher, sobretudo para as que se encontram sozinhas.

O TEMPO DAS MULHERES

Penso na falta de tempo que assola a vida de muitas mulheres, tempo que lhes falta para pensar, para cuidar da alma, para repousar a sombra de uma árvore

Penso nas mulheres e em sua condição feminina tão poderosa e ao mesmo tempo tão frágil. Penso nas injustiças cometidas, nos sofrimentos e nas imensas responsabilidades que repousam sobre seus incansáveis ombros. Penso nos filhos, na família, nas comunidades pelas quais elas velam sem descanso. Penso na falta de tempo que assola a vida de muitas mulheres, tempo que lhes falta para pensar, para cuidar da alma, para repousar a sombra de uma árvore.
Ocorre-me refletir sobre o tempo que muitos homens exigem de suas mulheres e concluo como é injusto restringir-lhes o tempo por razões fúteis. Logo o tempo que, pelo caráter infinito, deveria ser abundante e farto. Ao acordar, sufocada pela falta de tempo uma mulher deveria fugir em louca carreira, ou brandir sua espada com energia cega até que, o tempo finito, cansado dessas circunstâncias malignas, voltasse às suas nascentes, deixando impressas em outro lugar as rugas profundas tão características das mulheres com falta de tempo.
O sexo feminino também precisa de tempo. Do tempo e da sua abundância infinita. E quando digo sexo, me refiro ao sexo mesmo, essa coisa cheia de secreções que acabam envenenadas pela falta de tempo. As mulheres carentes do tempo, além de todas as outras desgraças, ainda estão sob o risco de nunca mais serem alcançadas por um bom homem e sucumbir no mar de secreções venenosas retidas por essa coisa que as pode destruir com enorme facilidade.  A maldita falta de tempo…

Por que as mulheres mentem

Mulheres de verdade mentem para valer, sem o menor constrangimento e por razões ancestrais que não guardam relação com dilemas éticos da vida contemporânea.

Por muito tempo, desde os primeiros passos da humanidade, as mulheres precisaram da proteção dos homens para sobreviver. Mulheres abandonadas morriam rapidamente, ponto final. Os tempos mudaram, certamente, mas não tanto. A espécie humana evoluiu, mas preservou intactos genes treinados ao longo de milhões de anos para sobreviver nas condições mais adversas. Para fazer frente à força bruta dos homens, as mulheres ancestrais tinham que ser rápidas na mentira.
No mundo moderno, a mentira perdeu boa parte da sua natureza estratégica para se tornar uma compulsão banal. As mulheres do século XXI continuam mentindo pelo simples fato de dominarem a arte com perfeição. Mentem sempre, sobre tudo, a toda hora. O orgasmo feminino é um desses eventos sobre o qual as mulheres mentem de forma deslavada, sem a menor cerimônia.
Concebido nos porões da cinematografia americana, o padrão-ouro das relações sexuais modernas pressupõe movimentação pélvica sincrônica e consistente para levar ao orgasmo simultâneo. Esse seria o padrão ideal, tolerando-se algumas variáveis, dentro de certos limites, além das quais entraríamos no terreno das perversões. Tudo perfeito, não fossem as dificuldades que algumas mulheres têm para chegar ao orgasmo, sobretudo em meio a coreografias acrobáticas, nem sempre ajustadas ao ritmo incerto de um corpo tão delicado.
Convenhamos! O corpo feminino é um instrumento fácil de desafinar.
Quando o orgasmo simultâneo se repete com muita frequência na vida de um casal, é bom abrir o olho. Quase sempre tem mentira metida no meio. Por conveniência, vergonha ou mesmo espírito solidário, um bom número de mulheres simulariam parte dos seus orgasmos, e, em alguns casos, todos, sem exceção.

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